1.2 Princípios éticos
Atitude ética verdadeira consiste em estar
consciente de que tanto os animais quanto os seres humanos nascem, crescem,
reproduzem-se, sentem e morrem, ainda que somente os últimos raciocinem
(SCHNAIDER e SOUZA, 2003).
Ademais, já no início do século XX, a Psicologia estabeleceu comparações muito esclarecedoras entre a alma
humana e a animal, surgindo então a Biopsicologia; a Biopsicologia, por sua
vez, conduz inexoravelmente à Bioética, isto é, até a aceitação de obrigações
morais não apenas para com os homens, e sim para com todos os seres vivos (JAHR, 1927).
Com a ética, procura-se mostrar o caminho de
volta do homem para a natureza, ensinando que ao respeitar os direitos e as
diferenças entre as espécies talvez possam ser superadas as suas próprias
diferenças (SCHNAIDER e SOUZA, 2003).
Durante muitos anos as
pesquisas baseadas na experimentação animal não foram suficientemente
questionadas devido ao seu alto impacto social, tais como as que possibilitaram
o desenvolvimento das vacinas para raiva, tétano e difteria (GOLDIM e RAYMUNDO,
1997).
Os progressos da ciência médica foram atribuídos então única e
exclusivamente às experimentações nos animais, esquecendo-se dos fatores
sociais e higiênicos que intervieram. Estudos realizados nos Estados Unidos e
na Europa indicam que 90% dos fatores que determinaram o aumento da longevidade
do ser humano devem-se sobretudo ao estilo de vida, ao meio ambiente e à
hereditariedade, enquanto somente 10% dependeriam da assistência médica
(VERGARA, 2001).
Mormente, aos olhos de incontáveis pesquisadores,
os animais tornam-se eticamente neutros, como se fossem meros objetos
descartáveis, e como se a experimentação animal fosse o único meio para a
obtenção de conhecimento científico (LEVAI, 2004).
O médico francês Dr. Albert Schweitzer afirmou: “O homem
pensante deve opor-se a qualquer costume cruel, não importando o quanto este
esteja enraizado na tradição ou envolto em um halo... Precisamos de uma
ética ilimitada em que se incluam os animais também” (TRÉZ, 2009).
Muitos pesquisadores desenvolvem trabalhos
"científicos" nos quais estão registrados atos de verdadeiras
atrocidades cometidas contra os animais. Todavia, pesquisa sem ética não é
pesquisa séria (GOLDENBERG, 2000).
A Revista Acta Cirúrgica Brasileira
informa que 95% dos artigos científicos recebidos são de pesquisas em animais
de laboratório, sendo que muitos trabalhos não cumprem "os princípios
éticos da experimentação animal" (GOLDENBERG, 2000).
O trabalho experimental
antiético é devolvido ao autor com as recomendações do COBEA (Colégio
Brasileiro de Experimentação Animal) (GOLDENBERG, 2000), entidade filiada ao
“International Council for Laboratory Animal Science” (ICLAS) (GOLDENBERG,
2000); entretanto, a simples leitura dos princípios norteadores à prática da
experimentação animal lá descritos dá margem a diversas interpretações.
São
tantas as interpretações que muitas experiências têm ocorrido com animais de
forma claramente mal-planejada e mal conduzida, denotando um grau variado de
conhecimento, ética, coragem e vontade entre a comunidade científica (REZENDE,
PELUZIO e SABARENSE, 2008).
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